Química Forense: A utilização da química na
pesquisa de vestígio de crime
A atuação das forças policiais no combate ao
crime no Brasil dá-se de um modo geral em três vias concomitantes:
1) O
policiamento ostensivo, realizado pelas forças policiais militares de cada
Estado, o qual compreende o confronto físico direto com os criminosos;
2) A
investigação policial, realizada pela polícia civil;
3) A
pesquisa de vestígios em cenas de crime, realizada pela polícia científica.
Para os apaixonados das séries policiais na TV, a
importância da química na investigação criminal não é uma surpresa. Mas hoje
vamos falar da ciência por detrás da ficção.
A análise da cena de crime
Os locais de crime, bem como os elementos de
interesse pericial nele contidos devem ser fotografados do modo como foram
encontrados pelo perito ou levantados por meio de desenhos esquemáticos,
plantas que são previstas no código de processo penal.
Os vestígios encontrados na cena do crime (peças,
instrumentos de crime, substâncias químicas etc.) devem ser analisados e
interpretados pelo perito e reportados de modo descritivo em um relatório
denominado laudo técnico-pericial. Assim, entende-se por levantamento técnico-pericial
do local do fato a reprodução fiel e minuciosa do espaço físico onde ocorreu um
evento de interesse judiciário, bem como da importância de cada vestígio
coletado e sua relação com o fato criminoso (Block, 1979; Else, 1934).
A verdade é que um cientista forense é frequentemente um químico! E isto porque a
análise dos resíduos de pólvora, fios de cabelo ou vestígios de sangue podem
ligar um suspeito ao local do crime. É acima de tudo um processo que utiliza as
técnicas da química, os instrumentos desenvolvidos para a química e os métodos
de resolução de problemas dos químicos.
De fato, a moderna investigação criminal põe à
prova os limites e as capacidades da chamada Química Analítica: um ramo da química que se dedica a
identificar as quantidades de substâncias presentes numa amostra.
Veja como exemplo: Você já leu o rótulo de uma
garrafa de água para saber quantos miligramas de cálcio, sódio ou potássio essa
água contem, então já usufruiu dos resultados da química analítica.
E as análises ao sangue? Química analítica
Os desenvolvimentos da química analítica permitem
detectar a presença de substâncias em quantidades ínfimas através de uma serie
de técnicas capazes de reconhecer as características específicas de cada
substância.
Os exames laboratoriais
Após a etapa de coleta de vestígios, cabe ao perito
criminal proceder à análise laboratorial dos mesmos. Tais análises podem ser
realizadas utilizando-se métodos físicos e químicos. Como exemplos de métodos
físicos, podem ser citados: a pesagem de peças e amostras, a determinação de
ponto de fusão de substâncias sólidas, visualização de elementos ocultos
utilizando-se lentes de aumento (lupas e microscópios óticos) e fontes de luzes
especiais (ultravioleta e polarizada), dentre outros.
Quando a determinação da natureza de uma substância
química torna-se necessária, ou quando existe a necessidade de detecção de
traços de determinadas substâncias químicas de interesse forense, torna-se
imprescindível à utilização de métodos químicos de análise, sendo tais análises químicas o tema principal deste trabalho.
imprescindível à utilização de métodos químicos de análise, sendo tais análises químicas o tema principal deste trabalho.
Por exemplo, com a cromatografia (uma técnica que
permite separar os diversos componentes de uma amostra) é possível detectar
quantidades de amostra absolutamente diminutas, da ordem dos nano gramas por
mililitro. (Nm/ml)
E quanto é isso? Menos do que um pacote de sal
dissolvido numa piscina olímpica.
No caso dos metais, podemos ir 10 vezes mais
longe. Utilizando uma técnica de vaporização da amostra a 10 mil graus Celsius,
é possível, por exemplo, detectar a presença de um metal tóxico num fio de
cabelo numa proporção equivalente a apenas um grama do metal em 4 piscinas
olímpicas.
Mas o grande desafio da química analítica
aplicada à investigação criminal vai para além da identificação da presença de
drogas, explosivos ou venenos. Trata-se de caracterizar os materiais
encontrados no local do crime e identificar a sua origem.
Na verdade, a composição de materiais como
fragmentos de vidro, vestígios de tinta, fibras têxteis, papel ou a própria
tinta usada para escrever uma carta pode fornecer pistas muito relevantes na
investigação de um crime.
A utilização de técnicas analíticas combinadas
permite, inclusive, identificar a origem geográfica ou a data de fabrico de
muitos materiais. E embora as populares séries de televisão
exagerem por vezes as capacidades das técnicas ao alcance dos investigadores, a
verdade é que o contínuo desenvolvimento da química analítica está, cada vez
mais, a aproximar a realidade da ficção.
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