quarta-feira, 12 de junho de 2013

Química Forense



Química Forense: A utilização da química na pesquisa de vestígio de crime

A atuação das forças policiais no combate ao crime no Brasil dá-se de um modo geral em três vias concomitantes: 

1) O policiamento ostensivo, realizado pelas forças policiais militares de cada Estado, o qual compreende o confronto físico direto com os criminosos;
2) A investigação policial, realizada pela polícia civil;
3) A pesquisa de vestígios em cenas de crime, realizada pela polícia científica.

Para os apaixonados das séries policiais na TV, a importância da química na investigação criminal não é uma surpresa. Mas hoje vamos falar da ciência por detrás da ficção.


A análise da cena de crime

Os locais de crime, bem como os elementos de interesse pericial nele contidos devem ser fotografados do modo como foram encontrados pelo perito ou levantados por meio de desenhos esquemáticos, plantas que são previstas no código de processo penal.

Os vestígios encontrados na cena do crime (peças, instrumentos de crime, substâncias químicas etc.) devem ser analisados e interpretados pelo perito e reportados de modo descritivo em um relatório denominado laudo técnico-pericial. Assim, entende-se por levantamento técnico-pericial do local do fato a reprodução fiel e minuciosa do espaço físico onde ocorreu um evento de interesse judiciário, bem como da importância de cada vestígio coletado e sua relação com o fato criminoso (Block, 1979; Else, 1934).



A verdade é que um cientista forense é frequentemente um químico! E isto porque a análise dos resíduos de pólvora, fios de cabelo ou vestígios de sangue podem ligar um suspeito ao local do crime. É acima de tudo um processo que utiliza as técnicas da química, os instrumentos desenvolvidos para a química e os métodos de resolução de problemas dos químicos.

De fato, a moderna investigação criminal põe à prova os limites e as capacidades da chamada Química Analítica: um ramo da química que se dedica a identificar as quantidades de substâncias presentes numa amostra.

Veja como exemplo: Você já leu o rótulo de uma garrafa de água para saber quantos miligramas de cálcio, sódio ou potássio essa água contem, então já usufruiu dos resultados da química analítica.

E as análises ao sangue? Química analítica

Os desenvolvimentos da química analítica permitem detectar a presença de substâncias em quantidades ínfimas através de uma serie de técnicas capazes de reconhecer as características específicas de cada substância.


Os exames laboratoriais

Após a etapa de coleta de vestígios, cabe ao perito criminal proceder à análise laboratorial dos mesmos. Tais análises podem ser realizadas utilizando-se métodos físicos e químicos. Como exemplos de métodos físicos, podem ser citados: a pesagem de peças e amostras, a determinação de ponto de fusão de substâncias sólidas, visualização de elementos ocultos utilizando-se lentes de aumento (lupas e microscópios óticos) e fontes de luzes especiais (ultravioleta e polarizada), dentre outros.



Quando a determinação da natureza de uma substância química torna-se necessária, ou quando existe a necessidade de detecção de traços de determinadas substâncias químicas de interesse forense, torna-se
imprescindível à utilização de métodos químicos de análise, sendo tais análises químicas o tema principal deste trabalho.

Por exemplo, com a cromatografia (uma técnica que permite separar os diversos componentes de uma amostra) é possível detectar quantidades de amostra absolutamente diminutas, da ordem dos nano gramas por mililitro. (Nm/ml)



E quanto é isso? Menos do que um pacote de sal dissolvido numa piscina olímpica.
 
No caso dos metais, podemos ir 10 vezes mais longe. Utilizando uma técnica de vaporização da amostra a 10 mil graus Celsius, é possível, por exemplo, detectar a presença de um metal tóxico num fio de cabelo numa proporção equivalente a apenas um grama do metal em 4 piscinas olímpicas.

Mas o grande desafio da química analítica aplicada à investigação criminal vai para além da identificação da presença de drogas, explosivos ou venenos. Trata-se de caracterizar os materiais encontrados no local do crime e identificar a sua origem.

Na verdade, a composição de materiais como fragmentos de vidro, vestígios de tinta, fibras têxteis, papel ou a própria tinta usada para escrever uma carta pode fornecer pistas muito relevantes na investigação de um crime.

A utilização de técnicas analíticas combinadas permite, inclusive, identificar a origem geográfica ou a data de fabrico de muitos materiais. E embora as populares séries de televisão exagerem por vezes as capacidades das técnicas ao alcance dos investigadores, a verdade é que o contínuo desenvolvimento da química analítica está, cada vez mais, a aproximar a realidade da ficção.




Nenhum comentário:

Postar um comentário